domingo, abril 08, 2007

Considerações sobre a Felicidade

A importância de se ter paz interior é muito grande. Se atropelarmos as coisas, estamos sujeitos à infelicidade. Portanto, a riqueza inacessível às forças deste mundo é a fonte da paz, da luz e do amor.

Esta Fonte, aos olhos racionais, é um paradoxo, que deve ser sublimado pelo coração: ao mesmo tempo que se alteia de um plano aparentemente inacessível, ou seja, vem do alto, está depositada em nosso interior.

Neste caso, a expressão dela é que nos torna mais felizes, enquanto a sua supressão é capaz de nos liquidar.

Se todo homem busca sua felicidade, por qual razão esta felicidade se apresenta diante dele? Como pode ele compreender, dentro das misturas que a ilusão tenta fazer na realidade, o que é a verdadeira felicidade?

Está claro que toda pessoa constrói sua felicidade. Ainda que pareça, aos olhos dos outros ser infeliz, ainda assim, em seu interior, a pessoa pode ser feliz, porque a felicidade não é apresentável a este reino material, reino das quantidades, pois está acima da visão material.

Na simplicidade de visão, a felicidade se apresenta com uma aceitação interna da vida que se leva, ou, em outras palavras, é o estarmos bem conosco. Mas devemos observar que isto é apenas o sinal da felicidade se apresentando. Porque a felicidade, segundo posso ver, é expressarmos a Deus em sua perfeição. Ou, conforme diz Jesus: "Sêde perfeitos como vosso Pai celestial é Perfeito".

Portanto, em maior ou menos grau, a Divina Presença que existe em nossas vidas é quem torna factível o viver. É o Superior, que está em nós. Portanto, dentro dessa visão, a felicidade é termos consciência plena desta Divina Presença, o que só seria possível a partir do momento que a expressássemos.

No entanto, existe algo superior à felicidade, que não está acessível ao homem neste atual estágio de evolução: A união plena com Deus.

Uma vez eu estava meditando e buscava entender o que era perfeição... Então, veio-me uma visão: eu me vi dentro de um buraco escuro que eu entendi que era, na época, minha condição presente...

Nesse momento, vagarosamente, fui elevado para a boca desse buraco e, quando coloquei a cabeça pra fora, vi uma planície noturna e um céu estrelado.

Uma voz me dizia assim:” isso é a perfeição... apenas o começo da caminhada”.

Então, naquele momento, entendi que a perfeição que tanto falamos é quando o homem está preparado, pois a perfeição está em nós aguardando apenas ser expressada.

Neste caso, a princípio, o homem busca a felicidade como fiel condição de expressar sua natureza real e humana. Porém, chegará um momento que a felicidade já não será suficiente, porque somente a dissolução da Alma no Amado seria capaz de suprir tudo.

Quando Jó dizia: "minha alma tem tédio de minha vida", era, segundo o meu ver, a isso que ele se referia. Da mesma forma que São Franscisco fala: "É morrendo que se vive para a Vida Eterna". E da mesma forma que os místicos, sejam cristãos, mulçumanos ou judeus, entendem: "o que é vida para muitos, para mim é morte; e o que é morte para muitos, para mim é vida". Ou seja, a maior felicidade deste mundo ainda é pequena em comparação, se podemos dizer dessa forma, com o que nos espera em outros estados do ser.