terça-feira, fevereiro 19, 2013

A Vida é Simbólica

A vida é simbólica. Entendemos que a palavra “símbolo”, e suas derivadas, tem sido utilizada aquém de seu sentido primeiro, pois os símbolos não são necessariamente criações da mente humana. Esta, sim, é o instrumento capaz e necessário para se instruir através dos símbolos. E a vida, ao nosso redor, viceja de exemplos. Portanto, antes de adentrarmos nesta questão, vejamos o que entendemos por símbolos. Hoaiss coloca a etimologia da palavra da seguinte forma: “um objeto partido em dois, em que dois hospedeiros conservam cada um uma metade, transmitida a seus filhos; essas duas partes comparadas serviam para fazer reconhecer os portadores e para comprovar as relações da hospitalidade contraída anteriormente”. Ou seja, a partir do momento em que duas pessoas juntavam suas respectivas metades, havia, neste caso, um sinal de reconhecimento. Silveira Bueno coloca a origem da palavra de maneira bem significativa; ela viria do grego symbolon, do verbo symballo – “eu comparo” (Francisco da Silveira Bueno – Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa – 7.º Volume – Edição Saraiva – São Paulo – 1968.). A palavra reconhecimento também tem um aspecto a ser colocado. Reconhecer tem o significado de prestar ao objeto do reconhecimento uma validade, ou uma certificação. E, ao mesmo tempo, para que haja este reconhecimento, há a necessidade de um conhecimento prévio. Neste caso, a partir do momento em que o objeto do reconhecimento se encontra à disposição de nossa consciência, fazemos uma comparação com aquilo que temos em nosso interior com aquilo que percebemos externamente. Assim, para se efetuar o reconhecimento há a necessidade de um conhecimento prévio. Temos então duas palavras que, juntas, conformam um entendimento: símbolo (duas metades de uma coisa) e reconhecimento (ato de identificar algo). Portanto, quando falamos de “símbolo”, estamos falando também de uma espécie de conhecimento analógico, em que se faz o “reconhecimento” de algo, estabelecendo entre duas coisas uma relação ou uma semelhança. E, as duas coisas sobre as quais colocamos o nosso conhecimento analógico são: uma interna e outra externa. Para deixarmos bem clara esta parte, um símbolo não seria uma mera convenção estabelecida. O símbolo, conforme René Guénon coloca, “é uma pegada do invisível”, é essencialmente “não-humano”, ou seja, criado conforme forças não pertencentes a esta modalidade de existência na qual o ser humano está. Em sendo assim, o símbolo funciona como uma mensagem da eternidade ao homem, como algo que o faz despertar para idéia da filiação a uma origem superior, dita “espiritual” ou “divina”. Portanto, desta forma, o símbolo seria a metade externa que despertaria no homem o conhecimento da metade interna, já nascida com ele. Enxergando assim, toda a natureza representaria uma mensagem da Divindade ao homem, cabendo a este decifra-la com o conhecimento que se acha guardado em seu coração. E, o que é muito importante, o símbolo funcionaria como fator revitalizante da consciência, tendo em vista seu caráter de produzir no próprio homem a sede de saber a “Verdade”, para através deste conhecimento obter a plenitude.

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