Surdamente, no fundo de um lago plácido
um vulcão espera o momento certo
de ferver e explodir:
Vê-se que a superfície não obedece
àquilo que o coração conhece
e quer expandir.
II - Dúvida
Uma barca serena, que em mim navega
toca-me sua quilha inquieta
com o vento a soprar.
Serei eu, um parvo, geografia e farol
neste imenso lago profundo
para quem quer navegar?
III - O lago, na verdade...
Extravasando-se de tudo, iluminando-me,
o Céu transmuta-se no atlas
que me há de nortear.
Superfície e fundura se casam no tempo:
No perfeito esponsal da alma
já não há o que nomear.
Para MRRS