sexta-feira, janeiro 12, 2007

O que é um "símbolo"?

A vida é simbólica. Entendemos que a palavra “símbolo”, e suas derivadas, tem sido utilizada aquém de seu sentido primeiro, pois os símbolos não são necessariamente criações da mente humana. Esta, sim, é o instrumento capaz e necessário para se instruir através dos símbolos. E a vida, ao nosso redor, viceja de exemplos. Portanto, antes de adentrarmos nesta questão, vejamos o que entendemos por símbolos.

Hoaiss coloca a etimologia da palavra da seguinte forma: “um objeto partido em dois, em que dois hospedeiros conservam cada um uma metade, transmitida a seus filhos; essas duas partes comparadas serviam para fazer reconhecer os portadores e para comprovar as relações da hospitalidade contraída anteriormente”. Ou seja, a partir do momento em que duas pessoas juntavam suas respectivas metades, havia, neste caso, um sinal de reconhecimento. Silveira Bueno coloca a origem da palavra de maneira bem significativa; ela viria do grego symbolon, do verbo symballo – “eu comparo”[1].

A palavra reconhecimento também tem um aspecto a ser colocado. Reconhecer tem o significado de prestar ao objeto do reconhecimento uma validade, ou uma certificação. E, ao mesmo tempo, para que haja este reconhecimento, há a necessidade de um conhecimento prévio. Neste caso, a partir do momento em que o objeto do reconhecimento se encontra à disposição de nossa consciência, fazemos uma comparação com aquilo que temos em nosso interior com aquilo que percebemos externamente. Assim, para se efetuar o reconhecimento há a necessidade de um conhecimento prévio.

Temos então duas palavras que, juntas, conformam um entendimento: símbolo (duas metades de uma coisa) e reconhecimento (ato de identificar algo).

Portanto, quando falamos de “símbolo”, estamos falando também de uma espécie de conhecimento analógico, em que se faz o “reconhecimento” de algo, estabelecendo entre duas coisas uma relação ou uma semelhança. E, as duas coisas sobre as quais colocamos o nosso conhecimento analógico são: uma interna e outra externa.

Para deixarmos bem clara esta parte, um símbolo não seria uma mera convenção estabelecida. O símbolo, conforme René Guénon coloca, “é uma pegada do invisível”, é essencialmente “não-humano”, ou seja, criado conforme forças não pertencentes a esta modalidade de existência na qual o ser humano está. Em sendo assim, o símbolo funciona como uma mensagem da eternidade ao homem, como algo que o faz despertar para idéia da filiação a uma origem superior, dita “espiritual” ou “divina”.

Portanto, desta forma, o símbolo seria a metade externa que despertaria no homem o conhecimento da metade interna, já nascida com ele. Enxergando assim, toda a natureza representaria uma mensagem da Divindade ao homem, cabendo a este decifra-la com o conhecimento que se acha guardado em seu coração. E, o que é muito importante, o símbolo funcionaria como fator revitalizante da consciência, tendo em vista seu caráter de produzir no próprio homem a sede de saber a “Verdade”, para através deste conhecimento obter a plenitude.
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[1] Francisco da Silveira Bueno – Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa – 7.º Volume – Edição Saraiva – São Paulo – 1968.

Um comentário:

Beatriz disse...

Antes de que el alma cayese en el olvido, antes de su separación con el Uno, con Brahma, con el Gran espíritu, con el Tao, con Dios, o como queramos llamar a ese principio superior origen de todas las cosas la naturaleza era un libro abierto lleno de símbolos que reflejaban la elevada belleza, la profunda sabiduría y las infinitas posibilidades de existencia de su Autor.

El hombre era una de esas posibilidades de existencia, y ocupaba una posición central en este maravilloso cosmos, era una ventana abierta, un pontífice que tendía puentes entre la divinidad y la naturaleza, a través de él cada cosa era nombrada in divinis, el sabía el nombre de todo lo creado y lo relacionaba con sus arquetipos celestiales. Todo estaba unido en un tejido sagrado lleno del más alto significado. El águila era una manera perfecta de orar en el aire alabanzas al creador, las alta montañas un mensaje de majestad, el oso era una pantalla donde podía brotar como una fuente el secreto de la Fuerza, la pantera el espejo donde atisbar el arquetipo de lo invisible. Todo hablaba de Dios y el hombre leía Sus signos en el horizonte.

Luego todo se hizo opaco y el hombre dejo de ver a Dios en todas partes. El hombre se reveló contra el cielo y se produjo una escisión en su mente entre las leyes de la naturaleza y los principios espirituales y ya sin unión con el Alma del Mundo, la Naturaleza fue profanada, saqueada, desfigurada, violentada, y con cada especie que se extinga desaparecerá una manera única de adorar al Creador de la existencia, un canto que dona secretos a nuestro espíritu, y con cada río que contaminamos acallamos la música perfecta del cielo cuando baja a fertilizar la tierra. Cada árbol que muere, muere una presencia beatífica portadora de una gracia. El hombre occidental ha perdido el Centro y en su profunda ceguera está destruyendo el mapa de regreso a Casa. La crisis medioambiental es la crisis espiritual del hombre moderno, es el último capítulo de una manera profana de ser en el mundo. Pero hasta este capítulo está diseñado por el arqueómetra divino con una ejecución perfecta de una de sus leyes, la muerte de lo viejo precede al nacimiento de lo Nuevo, y se nos ha prometido un nuevo ciclo donde el cosmos se revelará otra vez como una maravillosa y deslumbrante Teofanía.

Beatriz