sábado, novembro 18, 2006

Amor e Justiça

"Quando se comportam com humanidade, até aqueles que se proclamam ateus, respeitam a essência de cada religião: o amor. O amor preenche todas as tarefas humanas. Sem o amor, a justiça é uma espada; com o amor ela é abraço fraterno. O amor é a síntese da Lei". (Oscar A. Romero)


A Justiça e o Amor têm que estar equilibrados dentro de nós. Amor e Justiça são como que dois lados de uma balança, daquelas antigas de dois pratos: a mais sensível oscilação de um lado já interfere no outro também. Está claro que tanto um quanto outro conceito são, dentro de nosso ponto de vista, os que utilizamos para demonstrar uma realidade deste plano em que nós vivemos, o plano material, pois na Divindade, Amor e Justiça estão unidos, inseparáveis. Contudo, com nossa tendência para a dualidade, nós os separamos em nossos corações, provocando então um desequilíbrio que antes não existia. O conhecimento antigo entendia que o amor sem justiça transformaria o homem num fanático, e que a justiça sem amor transformaria o homem num tirano.

Portanto, quando na citação acima o sr. Oscar A. Romero diz que sem o amor a justiça é uma espada, é porque ela fere, porque é tirana e não enxerga através do amor, pois o Amor é quem dá visão à Justiça, e é a Justiça que dá a prática, a base, a sustentação neste plano terreno ao Amor para que Ele se cumpra, e o plano de Deus aconteça em nosso Universo. Portanto, se formos pegar o conhecimento chinês, Justiça é Yin, Amor é Yang. Quando equilibrados são a perfeição.

Quanto à dizer que o “amor é a síntese da lei”, o Sr. Oscar A. Romero, pelo que podemos entender, ele nos remete a uma união entre Céu e Terra. Primeiro, para abordar com mais acerto, devemos examinar superficialmente o que quer dizer “síntese” na frase mencionada (qual dos sentidos desta palavra que está sendo utilizado na frase).

A síntese não é um agrupamento de idéias, tal qual uma colcha de retalhos. A síntese é a fusão de idéias que, apesar de aparentemente díspares quando apanhadas em separado, formam, assim que fundidas, um todo coerente e harmônico. Ou seja, a síntese busca encontrar a essência (e sempre descobre que toda a essência nos remete a Deus) e, através da essência, une tudo em um todo congruente.

Então, aquele que faz a síntese reconhece atrás das coisas a raiz oculta que elas trazem consigo, ou seja, a raiz divina e espiritual, a assinatura de Deus. A partir do momento em que alguém tem uma profundidade espiritual tamanha pra enxergar a Realidade das coisas, que Ela não provém deste plano mas de outro superior, é capaz de saber como encaixá-las num todo harmônico e efetuar a síntese.

Outra coisa que se costuma confundir é Lei e justiça. A Lei é a raiz da justiça. Justiça é aplicação, ação, prática da Lei, sendo esta a origem da justiça.

Neste caso, quando o autor diz que o Amor é a síntese da Lei, ele está se reportando a questões superiores à justiça e ao amor tal como mencionamos logo no princípio, pois a justiça e o amor neste plano em que vivemos, conforme dissemos, são entendidos como uma dualidade. Este Amor que ele menciona, que entendemos de ordem superior, é um aspecto de Deus que neste plano reconhecemos através do amor pessoal, concretizado no amor ao próximo. E, somente como forma de esclarecimento, alguns homens mencionam Deus de uma forma não personalista como "A Lei que a tudo e a todos rege", ou seja, como o ponto central através do qual toda a criação tem seus parâmetros.

Quando existe o Amor, Deus está presente. Quando existe o Amor, aquele que ama, na realidade ama a Deus. E quando ama, percebe que quem ama através de si mesmo é Deus.

Então, a partir do momento em que reconhece a essência, realiza a síntese em si mesmo. Por este motivo o amor é a síntese da Lei (da mesma forma com que a justiça também é a síntese da Lei!), porque a Lei (O Grande Arquiteto do Universo: Deus), em sua totalidade e glória ainda está inacessível a nós. E uma das características da síntese é ser uma espécie de resumo, pois a fusão tira o caráter de multiplicidade (muitas coisas separadas) e consegue a Unidade, que é um atributo da Divindade.

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