segunda-feira, julho 17, 2006

O AMOR

Meu coração partilha tua superfície.
És mar. Eu, deserto. Habitado
De tuas águas, me conserto
E já não sei quem sou
Ou quem és.

é o amor um desencontro,
Dissolução em outro ser.
Desencontro da mesmice
Do cotidiano entranhado.

Arriscar a se expressar,
Abrir o zíper do ser,
Deixar a visão do outro entrar
E te ver...

“O amor é” ... seis letras inconsúteis
Cerzidas ao redor da inconsciência,
Inabitadas de dicionário,
Desertas de tanto viver.

Dizer “te amo” é dom
Reservado a quem se eleva
E sabe ver que duas almas
São versos gêmeos de eternidade.

Por isso não te digo “te amo”,
Mas “te quero”, pois, quem sabe
Minha parte que ama
Não esteja em mim, mas em ti...

Imensidão e deserto se encontram e
Nos dedos da tarde se entrelaçam.

03/02/2003

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