segunda-feira, julho 31, 2006

PROCURA DO HOMEM

Um túmulo de palavra
com esperanças de palavra
moldado nesta pequena ampulheta,
que é meu corpo,
desfazendo-se no derradeiro de minhas cinzas.

Há sinos tão fortes... eu não sei.
Sons de vida, sons de morte,
sons iguais ao tudo antes...

Sei que sou diferente dentro dos dias,
e minhas horas, flores disfarçadas
nos espinhos do tempo que perfumam.

E esta alma que é minha asa,
busco-a no resignado do que sou,
na pedra que ousei chamar "coração",
hoje, pensamento que me envolve,
cobertor que me amortalha
sentimento que me liberta.

Segunda Canción para mi Muerte

Minha vida te precede:
Eu te vaticino e te fecundo;
se emoções e vertigens não te definem,
se noutras epidermes não te encontro,
tampouco em mim está teu mapa
e em mim, exatamente, não estás.

Se com alguma carne contendes
não te é troféu meu corpo.

Tu que me elevas do pó de minha condição
para a companhia de tua/minha solidão
irmanamente comungados,
ainda que, com sorrisos te não abrace
e de pés próprios não vá por tua senda.

Uma rosa, uma cor, um inseto:
todos frutificados para tua colheita!
Com cuidado de mãe carinhosa
a todos acolhes, sem distinção.

Enfim, cheia de luas cheias,
Afagas meu afago com tua mão sempiterna
pensando sorver de mim um rio
mas se observares bem
aplacarás minha sede.

sábado, julho 29, 2006

Mais sobre o Amor...

Certa vez, escrevemos estas palavras:

"(...) Lembrem-se sempre que de forma alguma nós dizemos as coisas com a intenção de convencê-los. Entendemos que cada um tem seu mundo, sua singularidade, e cada um, em seu mundo tem o ônus do resultado de suas decisões. Neste caso, somente o Amor é capaz de superar determinadas situações onde duas pessoas pensam de formas diferentes, ou até contrárias. Neste caso, no entanto, a vitória que existe do amor está sobre o coração de quem aceita. Dizemos que, muitas vezes em nossa caminhada, enxergamos que determinadas coisas para as quais vimos solução de uma forma, outros chegaram a conclusão diversa.

"Sabemos pelo que o Divino Mestre nos ensina, que o Amor soluciona o que quer que seja. Qualquer experiência que exista através do Amor é transcendental. Qualquer luz, alegria, dor, sofrimento ou paz que lhe aconteça porque você ama, lança uma chama verdadeira em seu interior que não existe monstro nenhum capaz de apagar.

"A profundidade da alma muitas vezes assusta. Ver-se como um peregrino de si mesmo, muitas vezes, traz angústia e solidão. Por isso, àquele a quem algo lhe incomoda em sua caminhada, busque trazer para sua vida a presença do Superior, daquilo que está acima das especulações vãs. Seja o Poder o sopro que passa pela sua flauta psíquica, pois a pauta daquele que nos é superior é a própria Eternidade.

"Se formos com o espírito de manter o que temos, esta decisão é capaz de perder-nos. A entrega somente será verdadeira, quando for absoluta. Já nos entregamos absolutamente? Confessamos que não. Nossas contradições ainda não foram suficientemente resolvidas para dizer: "já não sou eu quem vive, Cristo é quem vive em mim". Mas entendemos que, apesar do medo ser algo que nos mantém vivo, pois o inteiro destemor é fatídico, buscamos não nos amesquinhar mais devido aos nossos medos. Claro está que isto vem com o tempo, com a auto-observação, com o silêncio.

"À Divindade não se entende, pois ultrapassa nosso entendimento. Não está em nosso poder conhecê-la, mas em Seu Poder fazer-se conhecida. E é através da identificação que a conhecemos, não pelo entendimento. É nos fazendo "Perfeitos" como nosso Pai Celestial é perfeito que seremos capazes de conhecê-Lo e de, finalmente, liberar-nos. As tradições antigas são muito claras: a busca de entendimento direto da Divindade só fará você enxergar seus próprios fantasmas, a projeção de sua individualidade. E aqui voltamos ao início: o Amor... o Amor... o Amor...

"Aprende este novo idioma que lhe envolve. Mergulha neste Mar, pois só estando nele é que se aprende seu mistério. Mas, ainda que não se aprenda teoricamente a nadar, a teoria é muito necessária para não se desperdiçar passos na caminhada. Ainda assim, quanto conhecimento nos foi inútil? Útil apenas para que nós percebessemos da sua inutilidade... quantos? Quantas vezes beijei e abracei sem estar aqui e agora? aqui... agora... este é o único lugar e o único tempo dentro da Eternidade... aqui e agora.

"E aqui estamos de volta a esta Força recorrente que conduz os passos daqueles que insistem em aceitá-la: Amor...

"Na idade média, falava-se de uma língua sagrada, a "languedoc", ou a "língua dos pássaros". Quando conseguirmos realmente voar, quando formos como crianças diante do Poder, quando formos como passarinhos diante desta força incomensurável, e toda a ignorância for fruto do passado e existir apenas no museu de nossa memória, já não precisaremos falar que temos saudades da ignorância: O idioma divino fala em nós. Por isso, quando tomados desta força, todos nos entendem, seja de que altura for, pois esta língua fala aos corações, ao verdadeiro Intelecto, e não ao saber racional e discursivo. E não precisamos lhe dizer qual a gramática deste idioma, não é? A força recorrente... o bálsamo universal...

"Silêncio para se ouvir o cântico do alto... silêncio no cérebro para se enxergar a voz do coração, ou ouvir sua Luz.

Lembre-se sempre, seu Coração é o Sol, centro de sua consciência."

O que é o Amor?

O que é o amor? Essa pergunta tem me assolado ultimamente com bastante intensidade. Será aquele que ama um ser especial? Acredito que Ibn Al Arabi e Paulo nos explicam com clareza o que é o amor, e que aquilo que muitas vezes o consideramos como tal, é na realidade apenas vaidade, fruto de um véu de ignorância que nos faz pensar serem permanentes coisas fadadas ao fim.
Eu me encontrei de frente com um espelho e vi meu coração deserto. Afundei-me na vaidade de meu ego e desconsiderei tudo o que deveria ser o Amor. Ao mesmo tempo, nunca estive afastado desse amor, tendo em vista que nada existe senão em função deste mesmo Amor (que pode ser visto desde uma perspectiva universal ou individual, não importa). É ilusão do homem achar-se independente e desligado da Essência Pura, da Força Superior, do Supremo Poder. Na realidade, a única razão de permanecermos vivos é o Amor.
Hoje, dou o primeiro passo pra recomeçar minha caminhada, e sei que nenhuma estrada rumo à perfeição pode se afastar daquilo que chamamos "AMOR". Ibn Al Arabi nos fala muito fortemente sobre a perspectiva daquele que ama. O que será realmente o que consideramos o Amor? Qual deve ser a perspectiva que devemos olhar a atração do indivíduo rumo à unidade fundamental? Deixo o texto pra quem quiser ler tenha uma instrução muito forte sobre o assunto:
"... É Ele (Deus) que ama mediante os seres existenciais. É Ele então que se manifesta em todo o ser amado e que se mostra aos olhos do amante. PORTANTO, HÁ SOMENTE UM AMANTE NA EXISTÊNCIA UNIVERSAL (E É DEUS) DE TAL MODO QUE O MUNDO INTEIRO É AMANTE E AMADO. ... Sucede o mesmo com o amor: ninguém ama senão o seu criador, que nos está oculto sob o véu do amor que se sente por Zaynab, Su’ad, Hind ou Layla, por exemplo ... Assim pois, o objeto de amor, sob todos os seus aspectos é Deus. O ser verdadeiro, ao se conhecer, conhece o mundo de si mesmo que Ele manifesta conforme a sua Forma. De modo que Deus não ama senão a Si mesmo. ... É por essa razão que, de uma forma geral, a conformidade é a causa do amor e conformar-se à forma de Deus no espelho de Deus é também causa de amor já que Ele vê somente a Si mesmo." (Ibn Al Arabi)

quinta-feira, julho 27, 2006

Um náufrago de sentimentos...

Um náufrago de sentimentos
Cujo coração não sabia aportar
Adentrou um imenso mar
Coroado com seus pensamentos.

Sua bússola despontava para o sul
No entanto, na busca de salvação
Neste imenso mar azul
Encontrou uma embarcação.

Hoje, existe em mim um porto
Onde aprendi a geografia
de me encontrar.

E já não sou mais um náufrago
da forma que vivia:
quero navegar.

Porto Velho - 2003

SHIBLÍ E O CACHORRO

Perguntaram a Shiblí:
"quem foi o primeiro a guiar teus passos no caminho do umbral divino?"

Ele respondeu:
"Certo dia , vi um cão à borda da água morrendo de sede. Quando mirava a superfície da água, via seu próprio reflexo, que ele acreditava tratar-se de outro animal; diante daquela imagem, sem beber fugia.

"Finalmente a sede lhe fez perder todo conhecimento, e com ele, a paciência; de um salto se jogou na água, e no mesmo instante, o outro cachorro desapareceu.
Desaparecido aquele cão diante de seus próprios olhos, se esfumou entre ele e seu desejo, aquele obstáculo que não era senão ele mesmo.

"Assim, é como desapareceu o obstáculo que se elevava diante de mim; sem dúvida alguma, quem foi assim aniquilado não foi outro senão meu eu. Desta maneira fui salvo; meu primeiro guia no Caminho foi um cachorro ".

Desvanece também tu, da frente dos teus olhos. O obstáculo que te impede avançar é o teu eu; faça-o desaparecer.

O menor apego a teu eu é uma pesada corrente que trava teus pés. Se sentes a necessidade constante de Sua presença embriagadora, nunca voltes a ti. Esse é todo o vinho que precisas. Não regresses a ti; renuncies a teu eu, a abnegação de si é "luz sobre luz".
(Al Qur'an, XXIV, 35). ( Farid ud-Din Attar, O Livro divino)

terça-feira, julho 25, 2006

HÁ AINDA ESPERANÇA?

Quando chegamos a entender o mal que causamos com nossos sentimentos mal resolvidos, quando chegamos a entender o sofrimento que causamos pelos nossos gestos impensados, parece que um muro de solidão se estabelece nas portas e janelas de nossa casa.
A nossa vida parece atacada por uma mesquinhez medonha, e tudo que fizemos ou sonhamos até aqui foi apenas a vaidade que as horas perpetraram em nossas vidas.
Contudo, apesar de todo o pecado, apesar de toda pequenez de nossas falhas, apesar de toda monstruosidade de nossa insensibilidade perante os outros, nosso ser ainda assim é iluminado pelo sol.
Isso me faz pensar que, ainda me vendo como um verme diante da magnitude da vida, ainda existe uma esperança de tudo ser superado e, quem sabe, o verme criar asas e voar.

O JARDIM INTERIOR

Cuidar o jardim significa conhecer o jardim. Se não houver coragem e determinação para encarar suas limitações, não haverá flores suficientes.
Lembramos muitas vezes que atrair as borboletas (a beleza) significa também atrair as lagartas (sofrimentos e dores). Mas a superação dos sofrimentos são a transcendência da vida e do amor.
Portanto, aquele que abriu o seu jardim para vida deve saber que, inexoravelmente, a dor, a qualquer momento, está sujeita a aparecer. E somente através do conhecimento de si mesmo é que conseguiremos ser superiores à dor, e vitoriosos dentro do Amor Universal.

O HOMEM TRAZ A SEMENTE (Osho)

El Mahdi Abbassi anunciou que era comprovável que, quer se ajude um homem ou não, algo no homem pode frustrar seu objetivo.
Tendo algumas pessoas contestado esta teoria, El Mahdi prometeu uma demonstração.
Quando todos haviam se esquecido do incidente, El Mahdi mandou um homem deixar um saco de ouro no meio de uma ponte. Pediu a outro homem que trouxesse algum infeliz endividado a uma das extremidades da ponte, dizendo-lhe que a atravessasse.
Abbassi e suas testemunhas ficaram do outro lado da ponte.
Quando o homem chegou à outra extremidade, Abbassi perguntou-lhe:
"O que viu no meio da ponte?"'
"Nada", respondeu o homem.
"Como foi isso?", perguntou Abbassi.
O homem replicou: "Logo que eu comecei a cruzar a ponte, ocorreu-me a idéia de que poderia ser divertido fazer a travessia de olhos fechados. E assim fiz... "

O HOMEM TRAZ a semente de sua miséria ou felicidade, inferno ou céu dentro de si mesmo. O que quer que lhe aconteça, acontece por sua própria causa. As causas externas são secundárias; as causas internas são as principais. E a menos que você compreenda isto, não existe possibilidade de uma transformação. Porque a mente continua a enganá-lo, a mente sempre aponta para o lado de fora: a causa está noutro lugar -- da sua miséria ou da sua felicidade. Se a causa está fora de você, então não é possível a liberdade, nem moksha, ou qualquer estado de libertação. Se a causa é de fora, então você está destinado à escravidão para sempre, porque como pode mudar a causa externa? E se você muda uma, milhões de outras surgem. Esta é a diferença, a diferença básica entre a mente religiosa e a mente não-religiosa.

Os comunistas pensarão exatamente o oposto. Marx não estará pronto a aprovar o que El Mahdi conta nesta estória. Marx diz que a causa existe do lado externo do homem. O homem é miserável porque existem causas externas que criam a miséria. O homem será feliz se as causas forem mudadas, alteradas. É necessária uma revolução, de acordo com Marx, no mundo externo. De acordo com Maomé, Jesus, Mahavira e Krishna, todo este diagnóstico está errado.

As causas são internas. Externas são apenas as desculpas. Você poderá mudar o exterior, mas nada se alterará se o interior permanecer o mesmo. O interior criará, outra e outra vez, o mesmo padrão, seja qual for a situação externa, porque o homem vive do interior para o exterior.
(...)

(extraído do livro "Antes que Você Morra")
AMIZADE

Quando escrevo esta canção
como servidor de ti, amiga,
vem-me uma lembrança antiga
renovando este meu coração.

E um êxtase me ocupa, então,
êxtase que vem e me obriga
a viver da luz que abriga
em sua essência a salvação.

Com esta amizade que é degrau
que subo por dentro de mim
venço toda e qualquer dor.

Portanto, unir-me a ti é vital
compreendendo que a meu fim
Só transcendo com o teu amor.

terça-feira, julho 18, 2006

O que é fé para você?


Eu estava conversando com uma pessoa e me veio um pensamento sobre a fé. Mais tarde, outra pessoa tocou no assunto e escrevi as palavras abaixo, derivando, claro, do que pensei ter entendido dos ensinamentos tradicionais (podendo estar com falhas; contudo, aquele que quiser me dizer as falhas, estou aberto para vê-las).

O que é a fé prá vc? Fé é uma espécie de conhecimento indireto, no qual vc participa da força da divindade.Fé não é apenas crença. A crença pura e simples não teria a força de mover montanhas, conforme especificam os textos tradicionais.

Portanto, a fé acontece quando o homem se transmuta interiormente e, nesse estado em que existe uma modificação e clareza do foco, ele passa, então, a ser receptáculo da Força Superior. Neste momento, o cálice transborda, porque o conhecimento, ainda que de forma indireta, supre o homem de fé em sua modalidade individual. Ele tem uma percepção da Presença Divina, e chega até a participar desta presença, começando a fazer desaparecer os tênues véus que, ilusoriamente, o separam do Poder Superior.

Então, a fé, de uma maneira geral, grosso modo, é similar ao conhecimento intuitivo (não no sentido bergsoniano; o conhecimento intelectual, é claro, é superior à fé), sendo a intuição o conhecimento não racional, recebido sem passar pelo filtro do diálogo interno (pensamento discursivo), num contato efetuado com os estados superiores do Ser.

Claro, que a fé é um grande passo, mas não entendo que seja a força mais potente do universo, pois ainda não passa de um conhecimento de forma indireta, mais identificado, no simbolismo tradicional, com a força lunar, ou seja: por reflexo, ainda restrito à esfera individual e corporal humana.

A BORRACHA

Meu corpo é a folha em que me rabisco
nestes momentos de viver que eu tenho.
Com este lápis divino, dou um risco
E em meu destino, aos poucos, um desenho.

Habitar neste que me foi emprestado,
na máscara de meu espírito arisco,
que em todo o meu viver tenho carregado
este que sou eu mesmo, quase um cisco...

Quem é este rascunho com choro lancinante?
Obra entendendo-se esboço, iludida?
Adorno da imortalidade, vacilante,
cartógrafo ou fronteira que me duvida?...

Mas, de Tempo esplende-se meu caminhar, porém...
Um dia, completo meu destino ou minha vida,
Deus e a borracha divina apagar-me vem.
Desde sempre, viver nesta vida é despedida.

04/08/2000

DESIDERATA *

Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.

Tanto quanto possível , sem humilhar-se, mantenha-se em harmonia com todos os que o cercam. Fale a sua verdade, mansa e claramente e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, eles também tem a sua própria história.

Evite as pessoas agressivas e transtornadas, elas afligem o nosso espírito. Se você se comparar com os outros, você se tornará presunçoso e magoado, pois haverá sempre alguém inferior e alguém superior a você.

Viva intensamente o que já pode realizar! Mantenha-se interessado em seu trabalho. Ainda que humilde, ele é o que de real existe ao longo de todo tempo. Seja cauteloso nos negócios, que o mundo está cheio de astúcias, mas não caia na descrença, a virtude existirá sempre.
Muita gente luta por altos ideais e, em toda parte, a vida está cheia de heroísmo. Seja você mesmo, principalmente não simule afeição nem seja descrente do amor, porque, mesmo diante de tanta aridez e desencanto, ele é tão perene quanto a relva. Mas também seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.


Alimente a força do espírito, que o protegerá no infortúnio e no inesperado, mas não se desespere com perigos imaginários. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão. E a despeito de uma disciplina rigorosa, seja gentil para consigo mesmo.

Você é filho do Universo , irmão das estrelas e árvores! Você merece estar aqui! Ainda que você não possa perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.

Portanto, esteja em paz com Deus, como quer que você o conceba. E, quaisquer que sejam seus trabalhos e aspirações, na fatigante jornada pela vida, mantenha-se em paz com sua própria alma. Acima da falsidade, dos desencantos e agruras, o mundo é ainda bonito!

Seja prudente. Faça tudo para ser feliz!

* DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração. Este texto foi encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, datado de 1692. Foi citado no livro "Mensagens do Sanctum Celestial", do Fr. Raymond Bernard.

segunda-feira, julho 17, 2006

O AMOR

Meu coração partilha tua superfície.
És mar. Eu, deserto. Habitado
De tuas águas, me conserto
E já não sei quem sou
Ou quem és.

é o amor um desencontro,
Dissolução em outro ser.
Desencontro da mesmice
Do cotidiano entranhado.

Arriscar a se expressar,
Abrir o zíper do ser,
Deixar a visão do outro entrar
E te ver...

“O amor é” ... seis letras inconsúteis
Cerzidas ao redor da inconsciência,
Inabitadas de dicionário,
Desertas de tanto viver.

Dizer “te amo” é dom
Reservado a quem se eleva
E sabe ver que duas almas
São versos gêmeos de eternidade.

Por isso não te digo “te amo”,
Mas “te quero”, pois, quem sabe
Minha parte que ama
Não esteja em mim, mas em ti...

Imensidão e deserto se encontram e
Nos dedos da tarde se entrelaçam.

03/02/2003

UMA CARTA A ALGUÉM QUE DESCONHEÇO.

Sei que não me conheces. Sei que o tempo transborda pelos dias e nós, aproveitando-nos deste comportamento do Tempo, continuamos crescendo, imunes dentro de nosso desconhecimento um do outro.

Existe, entretanto, outra esfera; não esta chamada mundo, ou outra chamada solidão... existe uma esfera magnética que me faz aproximar de ti, querer conhecer teu nome, saber das coisas doces e amargas que provas em teu interior.

Sei que não me conheces, mas, de alguma forma, já nos conhecemos: Os milhares de anos que habitam nossos corações tornaram-se testemunhas de que, de outras eras, estamos provando-nos deste manancial de vida, que são nossos espíritos, objetivando a vitória e a liberação de nosso ser presente, aqui e agora.

Queres saber quem sou? Soluciona este mistério dentro de ti mesmo. Amplamente, já estendo meu abraço irmanado em tua direção porque já somos familiares. Tens resposta a essa provocação?

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