segunda-feira, outubro 23, 2006

Ainda sobre a comunicação...

O não entendimento não significa necessariamente uma confusão.

Não entender uma coisa significa não conseguir ler a mensagem, ou seja, as informações e o conhecimento que se tem não são suficientes para a decodificação desta. Quanto à compreensão ela se refere não mais à superfície da mensagem, que é como o código funciona, mas à sua natureza simbólica.

Dentro deste sentido, a mensagem tem um valor. Quando alguém que tenha recebido a mensagem (seja de que forma for: escrita, oral, visual, etc.), consegue absorver os valores que a mensagem desperta, então diz-se que esta pessoa “compreendeu”. Sabe-se que o valor não pertence necessariamente à mensagem, mas aos homens. Sejamos mais claros: Se alguém diz a outrem “eu te amo”, as duas pessoas estão se comunicando. O entendimento é claro e evidente, agora a compreensão ou esbarra ou é impulsionada pelos valores internos de cada um. Para uns, dizer “eu te amo” significa uma atração física; para outros a mesma frase significa uma purificação do caráter.

Quanto à confusão, no caso, é fundir dois entendimentos sem retirar deles uma necessária síntese. A confusão, neste caso, significa desorientação. Ou seja, a mensagem atinge o campo psicológico, encontrando no interior do receptor um entendimento pré-estabelecido, sem ter força suficiente para se tornar uma nova forma de compreensão pessoal, fazendo com que o receptor mantenha duas fortes tendências de pensamento. A mensagem atinge o campo psicológico quando mexe com os sentimentos, gerando um histórico emotivo, seja de repulsa, de medo, de angústia, ou vice-e-versa: de alegria, de conforto, etc.

No entanto quando existe confusão, existe desorientação. Quando existe não entendimento, não necessariamente existe confusão. Por quê? Porque a mensagem não atingiu a parte mais profunda do ser, não mexeu com as verdades pessoais, não atingiu o centro do ser humano.

Neste caso, pode haver quanto ao receptor da mensagem uma paciência no sentido de esperar um momento melhor para absorver a mensagem mesma. No entanto, quando existe confusão, a mensagem entra de forma desordenada, juntando informações desconexas, sem conseguir chegar a um ponto de equilíbrio.

Uma mensagem causa confusão quando é enviada com uma energia não ordenada: da forma errada, no momento errado, etc. Dentro da mesma perspectiva, a pessoa que emite a mensagem, se tem clareza interior, sabe distinguir, necessariamente o momento certo e a forma certa de encaminha-la, emitindo junto com a mensagem a energia necessária para seu entendimento e compreensão. Agora, se a mensagem sai truncada, o responsável por isso é seu emissor, não o receptor.

Se o emissor não está tendo clareza suficiente no enviar a mensagem é porque não consegue enxergar de forma clara o que acontece em seu coração, ou não consegue enxergar o coração do receptor, fazendo com que os corações não se comuniquem da forma correta.

Quando os corações se comunicam da forma correta poucas palavras são suficientes para se chegar ao entendimento, e pouco tempo para se chegar à compreensão. Quando os corações não estão se comunicando da forma correta, fala-se muito mas o entendimento não é recebido, ou é recebido de uma forma truncada, o que faz com que o receptor tenha confusão.

Nenhum comentário: