sábado, outubro 14, 2006

Sentimentos, pensamentos e ações.

As questões interiores devem ser tratadas com urgência, principalmente no que concerne a sentimentos e pensamentos. No entanto, existe a necessidade de primeiro saber como enfrentar seus defeitos. Aquele que tem coragem de enfrentar-se deve buscar prestar atenção em três termômetros que funcionam como sentinelas do caráter: sentimentos, pensamentos e ações.

Deve-se levar em conta, contudo, que ações provêm, na maior parte das vezes, de pensamentos e sentimentos*. Portanto, estes funcionam como raízes daquelas. Tomando isto como base, óbvio que não será transformando as ações em primeiro lugar que se terão mudados os sentimentos e pensamentos, mas ao contrário, pois o mais profundo domina o mais superficial.

Por este motivo, qualquer mudança externa somente acontecerá depois de uma mudança interna, ainda que tênue. Contudo, não se pode desprezar as atitudes pois, quando regidas por uma vontade consciente, elas próprias funcionam como adjuvantes neste processo de transformação interna.

Pode-se ter como exemplo algo trivial: um “alcoólatra”** decide transformar-se e, para iniciar esta transformação, pára de beber. Esta abstenção de bebidas alcoólicas, com certeza funciona como poderoso colaborador na transformação que há de vir. Outro exemplo: buscando ter um conhecimento mais aprofundado de si mesmo alguém, por este motivo, começa a meditar e, para iniciar a meditação, inicia fazendo exercícios respiratórios. Estes exercícios são básicos para todo um processo meditativo, principalmente quando se está iniciando.

Ao se examinar com maior profundidade a razão de que estes processos fisiológicos colaborem com o processo de transformação interna, tem-se como resposta que o homem é a ponte entre céu e terra. Deve unir estes opostos no âmago de seu coração, realizando, com isto, um processo transformador e transcendente. E iniciar esta transformação através de um processo fisiológico equivale a construir um berço para que a verdade possa nascer em seu interior, ou melhor, florescer.

Em sendo assim, quando se emite uma mensagem consciente para o corpo se está, na realidade, unindo céu e terra dentro de si: o céu dos influxos espirituais e a terra da ação física consciente. E esta ação é, na realidade, o correspondente reflexo do Céu no corpo, a transcendência dos processos habituais, processos estes que levam as pessoas a se acomodarem numa forma de percepção.

E dentro deste mesmo sentido, quando se faz a conexão das coisas superiores com as inferiores, tendo aquelas como fontes destas, no momento em que se conecta terra e céu, conhece-se, realiza-se: A mensagem Divina que cada um carrega em seu interior desde quando nasce começa a ser lida. E a busca deste conhecimento, desta realização é, na verdade, o motivo de se estar vivo. Tudo gira em torno deste pivô. Todas as coisas falam desta busca, ainda que não se entenda a linguagem de tudo quanto há.

(*) Dizemos na maior parte das vezes porque, quando alguém tem um grau de realização maior, as ações começam a vir do Superior, sendo o indivíduo apenas um veículo de manifestação (como Paulo disse: “Já não sou eu quem vive: Cristo é quem vive em mim”).

(**) Dentro de meu entendimento, um homem sempre será um homem; o “alcoólatra” é apenas uma percepção enganada da realidade interna daquele indivíduo.

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