sexta-feira, outubro 27, 2006

Para Liza Hite


" Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo:
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim."
(Sá de Miranda)

Sinto-me terrivelmente iluminado
Quando penso em Ti
Refugiando-Te de/em meus interiores.

Mantenho minhas portas fechadas,
Porém, utilizas das janelas
Quando a casa me vens visitar.

Pela fechadura, apenas o pó dos relógios:
passado e futuro,
chave do que sou, horas
em que tenho insistido meu cofre interior
e meus necrológios.

Pela porta apenas o trivial:
Quando vens habitar-me,
Sou-Te um trono irreal,
Não o banco espancado
Que ocupa meu quintal...

Logo, não mais portas ou janelas.
Apenas, a árvore constante chamada a frutificar,
de sombra meiga e singela
que me reduz a Teu mistério e me refrigera.

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