sexta-feira, outubro 27, 2006

O Ateu da Aldeia (Edgar Lee Masters)

Ouvi-me, jovens discutidores da doutrina
da imortalidade da alma,
eu, que aqui jazo, era o ateu da aldeia.
Loquaz e polêmico, versado nos argumentos dos infiéis.
Mas no curso de uma longa enfermidade,
enquanto tossia até arrebentar,
li os Upanishades e a poesia de Jesus,
que acenderam uma tocha de
esperança e de intuição
e de desejo, que a Sombra,
me guiando rapidamente através
das cavernas de trevas,
não poderia extinguir.
Escutai-me, vós que viveis nos sentidos
e só através dos sentidos:
A imortalidade não é uma dádiva.
A imortalidade é uma obra;
e só aqueles que lutarem com denodo
conseguirão obtê-la.

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