domingo, setembro 17, 2006

Contrastes (1)


Quando a idade é tenra, as pessoas tendem a achar que nada mais é necessário mudar. Que suas tendências juvenis são, na realidade, convicções. E que o mundo já se encontra delimitado, junto com aquilo que deseja aprender.

Quando vejo hoje o que escrevia com dezenove anos, percebo que meus pontos de vista estavam bem abaixo daquilo a que deveria chegar. Atualmente, passados vinte anos, entendo que era apenas um início de minha caminhada, e se hoje posso me considerar um pouco mais maduro, isso se deve, é claro, ao entendimento de que sou ignorante. Naquela época, apesar de tudo em que eu acreditava, eu era ignorante de minha própria ignorância.

Contudo, apesar dessa auto-crítica antiga e atual, de mim mesmo enquanto adolescente e de mim mesmo na idade em que me encontro, não posso me decidir a amputar minha adolescência pois ela faz parte de minha mentalidade. Se hoje enxergo mais profundamente os desníveis de meu coração, tal percepção se dá devido aos erros cometidos, que eufemisticamente chamamos “experiência”. E para a existência do fruto maduro, houve a necessidade da semente, e que esta tenha imprimido no cerne da árvore todas suas características.

Hoje, vejo o quanto a vida está repleta de situações que entendemos complementares. E que, muitas vezes (nem sempre...) a recusa de vivenciar uma situação nos tiraria a profundidade do conhecimento de outra, mais profunda e importante. Luz e Sombra se entrelaçam em nosso ser e uma faz com que a outra seja realmente perceptível, trazendo à tona a beleza da assinatura de Deus. Quando comecei a compreender isso, percebi a realidade de que o Supremo Poder tenha construído a roseira com espinhos, apesar de todas as considerações que os botânicos e cientistas possam ter.

Recusar o contraste seria o mesmo que acusar nossa inteligência e condená-la ao vazio. Não é, ainda, neste mundo onde se transcendem os contrastes, mas no Superior.

Ilustrando bem a questão dos contrastes, certa vez cheguei à faculdade e observei um desconhecido conversando com outro na minha sala (nunca os tinha visto e nunca mais os vi; estas coisas parecem momentos em que a "máquina do mundo" se abre diante da gente para mostrar suas engrenagens). E ele dizia: "o conhecimento é como um balão; a superfície deste balão chama-se 'ignorância'. Quanto mais enchemos o balão, mais a superfície aumenta. Quanto mais conhecemos, maior nossa ignorância”.

Atualmente, parece que o balão está cheio, e o tamanho dele é indefinido. Porém, se antes utilizava, simbolicamente, meus próprios pulmões pra encher esse balão, hoje, ando atrás de uma agulha com o intuito de estourá-lo: a isso chamo síntese.

Um comentário:

Anônimo disse...

tah funcionando sim pai...
ahuahuahuahuhauh
bjusss